O fim da Alexa? Entenda o caso

Como a assistente pessoal da Amazon se tornou uma pedra no sapato para a empresa de Jeff Bezos

Victor Rodrigues

1/17/20254 min read

    Já imaginou ter uma assistente pessoal que responde suas perguntas, controla a sua casa e toca suas músicas favoritas, tudo sem precisar tocar um único botão? Esse futuro já é real, e começou com um dispositivo que está fazendo 10 anos de existência: o Amazon Echo, ou Alexa para os mais íntimos.

    Mas como este dispositivo passou de um fenômeno global para um prejuízo bilionário para a Amazon, sua fabricante. Acompanhe a jornada de inovação que transformou a Echo no coração da automação residencial, mas que também, devido a problemas, está correndo o risco de ser descontinuada e cancelada.

    Com um projeto ousado e sucesso em escala mundial, a Echo mudou a forma como interagimos com a tecnologia no nosso dia a dia, mas infelizmente, ela não cumpriu o seu principal objetivo pelo qual ela foi criada, fique comigo pra entender melhor esta história.

    A Amazon, fundada pelo empresário Jeff Bezos em 1994, começou como uma simples livraria online. Mas, com o tempo, com a virada dos anos 2000, a Amazon começou a expandir seus horizontes, desenvolvendo produtos como o dispositivo de leitura Kindle, o streaming Amazon Prime, a plataforma de serviços na Nuvem AWS (Amazon Web Services) e outros.

    Em 2014, Bezos e sua equipe decidiram focar em algo ainda mais inovador: uma assistente pessoal inteligente que pudesse interagir com os usuários da forma mais natural possível. O projeto recebeu o nome de Amazon Echo.

    Mas o que tornou a Echo tão especial? Em um mercado que já começava a ver o surgimento de assistentes virtuais como a Siri da Apple, e o Google Now, a Amazon não queria apenas mais uma assistente virtual. Eles queriam criar uma experiência completamente nova.

    Em 2014, a Echo foi lançada de forma discreta, sem muito alarde, inicialmente como um dispositivo apenas para desenvolvedores e testadores. Seu principal diferencial era a integração com a Alexa, uma assistente virtual baseada em nuvem.

    A ideia, era que com apenas um único comando de voz, os usuários pudessem fazer suas compras na Amazon, pedir músicas, controlar dispositivos de casa, obter notícias, e muito mais.

    O grande diferencial da Echo estava em sua habilidade de escutar o ambiente e responder ao comando "Alexa" sem a necessidade de um botão, algo revolucionário na época.

    Ao contrário das concorrentes que tinham limitações na interação com o usuário, a Echo foi desenvolvida para se tornar mais inteligente com o tempo. Isso ocorreu graças à aprendizagem de máquina e à constante atualização da Alexa, que passou a entender melhor os pedidos e intenções dos usuários e oferecer sugestões mais personalizadas para eles.

    Além disso, a Echo se tornou um ponto de partida para o que chamamos de smart home – a casa inteligente. A Amazon teve a grande sacada de abrir sua plataforma para desenvolvedores, permitindo que centenas de novos dispositivos fossem compatíveis com a Echo, desde lâmpadas até fechaduras inteligentes e câmeras de segurança.

    O lançamento da Echo Dot em 2016, da Echo Show em 2017 e outros modelos ajudaram a popularizar ainda mais o produto, oferecendo diferentes opções de preço e funcionalidades. E em poucos anos, a Echo se tornou uma das líderes no mercado de caixas de som com assistente pessoal, competindo diretamente com o Google Home e a Apple HomePod.

    Hoje, a Echo não é apenas um alto falante com assistente de voz. Ela é uma plataforma central na vida de milhões de pessoas ao redor do mundo, controlando desde a temperatura da sua casa, até o envio de lembretes para suas tarefas diárias. A Alexa está cada vez mais integrada com outras tecnologias, como carros e dispositivos vestíveis como fone de ouvido e óculos.

    Mas como um sucesso de vendas deste poderia dar prejuízo?

    Quando a Amazon lançou o dispositivo em 2014, a empresa buscava replicar a estratégia de sucesso da Gillette. A famosa marca de lâminas de barbear adotou uma tática de venda de barbeadores a preços baixos, apostando na fidelidade dos consumidores, que, ao longo do tempo, comprariam novas lâminas à medida que as antigas perdessem o efeito.

    De maneira semelhante, a Amazon vendeu milhões de Amazon Echo a preços extremamente baixos, esperando que os consumidores passassem a gastar mais em sua plataforma de e-commerce por meio da Alexa. No entanto, essa expectativa não se concretizou.

    Após uma década, em vez das pessoas usarem a Alexa para fazer compras, a Amazon descobriu que as pessoas usavam principalmente os aplicativos gratuitos da Alexa, como despertador, timer e tocador de música.

    Segundo o The Wall Street Journal, como a Amazon vendeu os dispositivos baratos e sem pensar no lucro, a empresa acumulou um prejuízo superior a 25 bilhões de dólares entre 2017 e 2021 na sua área de dispositivos, que inclui produtos como a Echo, o Kindle e o Fire TV Stick.

    A Amazon ainda não pretende encerrar a produção e cancelar a Echo. Como forma de tentar reverter a situação, a Amazon está desenvolvendo uma nova versão mais inteligente da Alexa, aprimorada, alimentada por inteligência artificial.

    A nova versão inclui ainda uma camada extra, utilizando IA avançada para consultas e solicitações avançadas, e complexas, e que seria acessível apenas para usuários premium, mediante uma assinatura mensal de pelo menos 5 dólares. Resta saber se as pessoas estão dispostas a pagar por este serviço, já que a Echo básica já atende a maioria dos usuários.

    Será que um dia a Amazon vai conseguir resolver este problema? Esta é uma pergunta que nem a Alexa consegue responder no momento.